A importância do papel de PAI
É indiscutível a importância do papel do pai no desenvolvimento da criança e a necessária interação entre pai e filho.
Essa interação é decisiva para o desenvolvimento cognitivo e social, pois facilita o desempenho escolar e a integração da criança na comunidade.Este fator é decisivo no desenvolvimento da psico afetividade e, consequentemente, para as relações sociais da criança.
A função paterna inclui o papel de estabelecer limites, ajudar o filho a ter noção de certo e errado, com atitudes decisivas para a formação do caráter.
Há outro aspecto que não pode ser ignorado: a presença do pai mostra à criança que, além da mãe, a figura paterna também é significativa, numa visão psicanalítica.
A “ausência” da mãe em relação ao filho, com a presença significativa do pai no relacionamento pai-filho-mãe, contribui para que o bebê tenha vida própria, independentemente da mãe. Trata-se de uma “separação”, isto é, de um corte necessário para o bom desenvolvimento infantil.
A contribuição das teorias psicológicas
Do ponto de vista científico, é fundamental o papel da figura do pai no desenvolvimento e psiquismo infantil.
Freud, em seu trabalho “Leonardo da Vinci e uma lembrança infantil”, afirma que, na trama familiar, “na maioria dos seres humanos, tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo desmorona se essa autoridade é ameaçada”. Trata-se de um pressuposto estruturante do pai, presente a partir da instauração do complexo de Édipo. Estudos da psicossomática, que versam sobre a interação entre a saúde psíquica e os problemas físicos, revelam que “a imagem do pai é aquela de quem costuma impor limites aos filhos. Então, faz sentido a ideia de que sua ausência esteja relacionada a transtornos alimentares, por exemplo”, diz Maria Rosa Spinelli, da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (ABMP).
De acordo com a visão de especialistas ligados à ABMP, problemas de obesidade ocorrem em crianças cujos pais estão sempre ausentes em seu desenvolvimento e formação. Também o afastamento do pai tem resultado em consequências para a aceleração do amadurecimento da sexualidade nas meninas. Tem sido reconhecido por esses especialistas que a consolidação das relações familiares ajuda a retardar a menarca (primeira menstruação da menina). Por outro lado, aquelas que convivem satisfatoriamente com os pais nos cinco primeiros anos de vida tendem a entrar na puberdade mais tarde.
Aberatury (1991), em seu texto “Paternidade: um enfoque psicanalítico”, considera que a presença do pai entre os seis e doze meses de vida é relevante quando se dá o contato corporal entre o bebê e o pai, no dia-a-dia, sendo referência na organização psíquica da criança, tendo em vista sua função estruturante para o desenvolvimento do ego. Ao atingir o segundo ano de vida, onde já existe a imagem de pai e mãe, a figura paterna é acentuada e tem a função de apoiar o desenvolvimento social da criança. De modo geral, vários especialistas (psicólogos, psicanalistas) concordam que, em famílias sem a presença do pai ou nas quais há pouca interação com os filhos, estes têm desempenho cognitivo abaixo do normal, com probabilidades de atraso escolar.
Diversos estudos (de psicólogos e neurologistas) também têm revelado que a rejeição do pai ao filho gera ansiedade e insegurança, tornando a criança hostil e agressiva em relação às demais. Lamentavelmente, essa rejeição pode também provocar frequente dor emocional durante quase toda a vida. Chega-se mesmo a dizer que o carinho de um pai contribui tanto ou mais para o desenvolvimento da criança quanto o carinho da mãe.
A figura masculina no desenvolvimento infantil
Os filhos sempre necessitam da presença dos pais. A figura masculina é fundamental como apoio e segurança, como referencial de valores que sempre cabe ao pai transmitir. Os jovens procuram no pai um modelo com o qual possam se identificar. Na ausência do pai, os jovens podem migrar para outros modelos, nem sempre recomendáveis.
Reconheçamos que o pai é quem tem condições naturais, como referência, para o discernimento necessário para que a criança se situe em relação à presença do ser masculino na família. Para o filho, em particular, o pai deve ser o modelo de masculinidade. Não se espera que a mãe seja esse modelo. A presença saudável do pai, para o menino, ajuda-o a resolver sua própria masculinidade. Quanto às meninas, o pai é a imagem do que o homem é e como ele deve ser. Ele pode ser modelo de homem a ser amado ou odiado; modelo para merecer ou não a sua confiança.

O pai ausente
Quando nos referimos ao “pai ausente”, não significa aquele que está fisicamente separado do filho e quase nunca consegue vê-lo. Efetivamente o pai ausente aqui mencionado é aquele que quase ou nunca contribui para a formação e educação dos filhos. Em muitas situações, o pai está fisicamente presente, porém indiferente ao desenvolvimento do filho. Essa indiferença pode estar presente no dia-a-dia da criança, quando o pai nunca encontra tempo para carinhos e elogios ou sempre lhe falta tempo para estudar, brincar, jogar, passear com o filho.
É fundamental que o pai participe da vida do filho, de seus momentos importantes, sejam estes bons ou ruins. Procurar compreender o filho em seus momentos adversos, com orientações sobre sua vida, é sempre uma postura que acrescenta muito para o bem-estar e desenvolvimento da criança.
Uma vez efetivada a presença do pai, a criança, certamente, precisará de uma figura paterna para fortalecer o seu desenvolvimento. Uma família que tem um pai ausente poderia até inserir a presença de alguém para suprir essa carência de masculinidade. Nessas circunstâncias, seria um tio, um avô, um amigo, alguém!

Reconheçamos que, na atualidade, o pai vem dividindo com a esposa tarefas domésticas; vai a reuniões da escola dos filhos, leva-os a terapias, a aulas de natação, dança, futebol, judô,etc, num contexto em que ocorrem transformações históricas e sociais, com novas configurações familiares e alterações nos papéis do homem e da mulher. Torna-se, porém, preocupante, o futuro da figura do pai na família.

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