A matéria completa você encontra em http://revistaepoca.globo.com/Vida-util/noticia/2012/05/por-que-ela-esta-tao-feliz.html.
Bom proveito! (Rosangela Vali)
Futuro e autoestima
Essa teia de intimidade construída com a família se reflete em outra
área importante no desenvolvimento infantil: a autoestima, capacidade de
se gostar e de se valorizar. A pesquisa mostrou que os pais estão no
caminho certo: 86% das crianças ficam alegres quando se veem numa
fotografia e 87% quando se imaginam adultas.
Gostar de ver a própria imagem é um sinal positivo sobre a autoestima.
Ficar feliz ao se imaginar adulto demonstra segurança sobre quem é, o
que vai se tornar e mostra esperança no futuro. Para Odair Furtado,
psicólogo, professor do programa de psicologia social da PUC-SP, isso é
reflexo de uma mudança profunda em nossa sociedade. A condição de vida
do brasileiro melhorou, principalmente nas classes mais baixas, e a
perspectiva de futuro, enfim, deixou de ser apenas sonho. “O futuro se
concretizou”, afirma.
A imagem é um dos blocos na construção da autoestima. Os outros blocos
podem ser aprendidos no dia a dia, com a ajuda dos pais. Valorizar
conquistas, como quando a criança aprende a andar de bicicleta sem
rodinhas, é uma delas. E ajudar a levantar do chão quando ela cair. “Os
pais precisam permitir que o filho enfrente desafios”, diz Ana Olmos,
psicanalista infantil e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
Mas nem sempre ela vai conseguir. Aprender a se frustrar é tão
importante quanto saber lidar com críticas quando elas dão apoio para
avançar e não desistir. Por exemplo: ensinar à criança os melhores
movimentos para o jogo de damas é educativo. Deixar propositadamente que
ela ganhe, não. “Quando for confrontada fora de casa, não vai saber
lidar com isso”, diz Ana.
Uma amostra de como a criança percebe as críticas familiares de forma
positiva é como ela percebe a bronca de uma forma diferente dos pais.
Para sete dos dez pais ouvidos, bronca é o maior motivo de tristeza para
os filhos dentro de casa. Para 71% das crianças, a maior chateação é
ficar sem os pais. A bronca não aparece como motivo de tristeza no
levantamento. “Mesmo quando fica triste por ser repreendida, a criança
se sente inconscientemente protegida”, diz Ana Olmos. “A partir dos 6
anos, as crianças têm a percepção consciente de que os pais estão
discutindo com elas para seu bem.”
Brincadeiras
Um dos dilemas dos pais modernos é o que oferecer para que os filhos tenham as melhores oportunidades no futuro. Além de se preocupar com cursos extracurriculares, como aulas de língua estrangeira, é importante preservar o tempo da brincadeira. “Brincando as crianças aprendem habilidades que vão além do desenvolvimento motor e cognitivo”, afirma Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP. “Ela aprende a argumentar, a ser ouvida, a prestar atenção, a organizar e liderar, a propor novas alternativas.”
Um dos dilemas dos pais modernos é o que oferecer para que os filhos tenham as melhores oportunidades no futuro. Além de se preocupar com cursos extracurriculares, como aulas de língua estrangeira, é importante preservar o tempo da brincadeira. “Brincando as crianças aprendem habilidades que vão além do desenvolvimento motor e cognitivo”, afirma Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP. “Ela aprende a argumentar, a ser ouvida, a prestar atenção, a organizar e liderar, a propor novas alternativas.”
Na pesquisa da SBP, as brincadeiras aparecem como atividades favoritas
quando as crianças não estão na escola. E, ao contrário do que muitos
pais pensam, tecnologia não é o primeiro item da lista. Seis entre dez
pais entrevistados apontaram videogames e internet como distrações
favoritas. Na pesquisa com as crianças, apareceram brincar de boneco ou
boneca e de carrinho como brincadeiras individuais favoritas. Videogame
está em quarto lugar nessa categoria. Dentre as distrações em grupo, as
crianças elegeram jogar bola, andar de bicicleta e brincar de
esconde-esconde. As atividades que faziam sucesso na infância dos
adultos são as mesmas que fazem a alegria dos pequenos de hoje.
Outra impressão dos pais desfeita pela pesquisa é o que deixa os filhos
muito tristes. Os adultos de sete famílias, dentre as dez ouvidas,
apontaram perder em jogos e competições. Para 47% das crianças, tristeza
é brincar sozinho. Perder não foi citado como motivo de tristeza.
A publicitária Adriana Ceresér, de 37 anos, leva as filhas, Gabriela,
de 9, e Gisela, de 6, desde pequenas para brincar em espaços públicos,
mesmo tendo quintal em casa. “Quero que elas tenham outros núcleos de
amizade”, afirma. Nos fins de semana, toda a família anda de bicicleta.
Quando não vão, as meninas reclamam. “Sinto que isso as deixa
desenvoltas.” E os ganhos são físicos também. “Elas já andam de
bicicleta sem rodinhas, enquanto os primos, que não passeiam sempre,
ainda usam”, diz Adriana.
As brincadeiras são um estímulo para as crianças se engajarem numa
atividade física no futuro. A pesquisa mostra que 93% delas gostam de
praticar esporte. Como explicar, então, que uma em cada três crianças,
segundo o Ministério da Saúde, está acima do peso? É simples. “Gostar
não significa que pratiquem, nem que conheçam diversas opções”, diz
Beatriz Perondi, pediatra e médica do esporte do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP. Brincar com jogos esportivos no
videogame não substitui a prática de verdade. Uma hora de brincadeira
gasta cerca de 700 calorias, em comparação a 150 calorias em frente à
televisão. “Fazer do esporte uma atividade familiar prazerosa contribui
para a formação do hábito de praticar depois”, diz Beatriz.
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