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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Matéria de pesquisa sobre o que deixa a criança mais feliz

A matéria completa você encontra em  http://revistaepoca.globo.com/Vida-util/noticia/2012/05/por-que-ela-esta-tao-feliz.html.
Bom proveito! (Rosangela Vali) 


 
Futuro e autoestima
Essa teia de intimidade construí­da com a família se reflete em outra área importante no desenvolvimento infantil: a autoestima, capacidade de se gostar e de se valorizar. A pesquisa mostrou que os pais estão no caminho certo: 86% das crianças ficam alegres quando se veem numa fotografia e 87% quando se imaginam adultas.
Gostar de ver a própria imagem é um sinal positivo sobre a autoestima. Ficar feliz ao se imaginar adulto demonstra segurança sobre quem é, o que vai se tornar e mostra esperança no futuro. Para Odair Furtado, psicólogo, professor do programa de psicologia social da PUC-SP, isso é reflexo de uma mudança profunda em nossa sociedade. A condição de vida do brasileiro melhorou, principalmente nas classes mais baixas, e a perspectiva de futuro, enfim, deixou de ser apenas sonho. “O futuro se concretizou”, afirma.
A imagem é um dos blocos na construção da autoestima. Os outros blocos podem ser aprendidos no dia a dia, com a ajuda dos pais. Valorizar conquistas, como quando a criança aprende a andar de bicicleta sem rodinhas, é uma delas. E ajudar a levantar do chão quando ela cair. “Os pais precisam permitir que o filho enfrente desafios”, diz Ana Olmos, psicanalista infantil e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
Mas nem sempre ela vai conseguir. Aprender a se frustrar é tão importante quanto saber lidar com críticas quando elas dão apoio para avançar e não desistir. Por exemplo: ensinar à criança os melhores movimentos para o jogo de damas é educativo. Deixar propositadamente que ela ganhe, não. “Quando for confrontada fora de casa, não vai saber lidar com isso”, diz Ana.
Uma amostra de como a criança percebe as críticas familiares de forma positiva é como ela percebe a bronca de uma forma diferente dos pais. Para sete dos dez pais ouvidos, bronca é o maior motivo de tristeza para os filhos dentro de casa. Para 71% das crianças, a maior chateação é ficar sem os pais. A bronca não aparece como motivo de tristeza no levantamento. “Mesmo quando fica triste por ser repreendida, a criança se sente inconscientemente protegida”, diz Ana Olmos. “A partir dos 6 anos, as crianças têm a percepção consciente de que os pais estão discutindo com elas para seu bem.”

FUTURO E AUTOESTIMA (Foto: revista ÉPOCA/Reprodução) 

Brincadeiras
Um dos dilemas dos pais modernos é o que oferecer para que os filhos tenham as melhores oportunidades no futuro. Além de se preocupar com cursos extracurriculares, como aulas de língua estrangeira, é importante preservar o tempo da brincadeira. “Brincando as crianças aprendem habilidades que vão além do desenvolvimento motor e cognitivo”, afirma Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP. “Ela aprende a argumentar, a ser ouvida, a prestar atenção, a organizar e liderar, a propor novas alternativas.”
Na pesquisa da SBP, as brincadeiras aparecem como atividades favoritas quando as crianças não estão na escola. E, ao contrário do que muitos pais pensam, tecnologia não é o primeiro item da lista. Seis entre dez pais entrevistados apontaram videogames e internet como distrações favoritas. Na pesquisa com as crianças, apareceram brincar de boneco ou boneca e de carrinho como brincadeiras individuais favoritas. Videogame está em quarto lugar nessa categoria. Dentre as distrações em grupo, as crianças elegeram jogar bola, andar de bicicleta e brincar de esconde-esconde. As atividades que faziam sucesso na infância dos adultos são as mesmas que fazem a alegria dos pequenos de hoje.
Outra impressão dos pais desfeita pela pesquisa é o que deixa os filhos muito tristes. Os adultos de sete famílias, dentre as dez ouvidas, apontaram perder em jogos e competições. Para 47% das crianças, tristeza é brincar sozinho. Perder não foi citado como motivo de tristeza.

A publicitária Adriana Ceresér, de 37 anos, leva as filhas, Gabriela, de 9, e Gisela, de 6, desde pequenas para brincar em espaços públicos, mesmo tendo quintal em casa. “Quero que elas tenham outros núcleos de amizade”, afirma. Nos fins de semana, toda a família anda de bicicleta. Quando não vão, as meninas reclamam. “Sinto que isso as deixa desenvoltas.” E os ganhos são físicos também. “Elas já andam de bicicleta sem rodinhas, enquanto os primos, que não passeiam sempre, ainda usam”, diz Adriana.
As brincadeiras são um estímulo para as crianças se engajarem numa atividade física no futuro. A pesquisa mostra que 93% delas gostam de praticar esporte. Como explicar, então, que uma em cada três crianças, segundo o Ministério da Saúde, está acima do peso? É simples. “Gostar não significa que pratiquem, nem que conheçam diversas opções”, diz Beatriz Perondi, pediatra e médica do esporte do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Brincar com jogos esportivos no videogame não substitui a prática de verdade. Uma hora de brincadeira gasta cerca de 700 calorias, em comparação a 150 calorias em frente à televisão. “Fazer do esporte uma atividade familiar prazerosa contribui para a formação do hábito de praticar depois”, diz Beatriz.

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