Como atendo crianças no processo inicial de alfabetização, encontro aprendizes que precisam de mais estimulação e acompanhamento por outros especialistas.Conversar com a família e fazer levantamento da história pode ser um excelente instrumento de investigação e abordagem para as famílias e nós profissionais da educação. Assim poderemos auxiliá-las de modo mais eficaz.
Falo do Bloqueio com Letras e Números que merece atenção e reflexão.O texto abaixo nos remete a esta questão e por isso compartilho.
(Rosangela Vali)
Crianças com baixo rendimento escolar podem ser portadoras de transtornos como a dislexia e a discalculia.
Dificuldade de ler, escrever ou fazer cálculos básicos de adição e subtração. Simples atos que fazem parte da educação de qualquer criança podem ser um obstáculo para aquelas diagnosticadas com dislexia ou discalculia, desordens neurológicas que prejudicam o curso normal do processo de aprendizagem.
Elas não são desleixadas nem pouco inteligentes. A dificuldade em realizar cálculos simples de soma e subtração pode indicar problemas mais graves. O tratamento inclui psicoterapia e, em alguns casos, medicação específica.
A dislexia é um transtorno genético e hereditário que compromete habilidades envolvendo a leitura, a escrita e a interpretação de textos com fluência. Os principais sintomas começam a surgir entre 6 e 8 anos de idade, quando é esperado que a criança apresente um bom desempenho durante o período de alfabetização.
"Normalmente, o diagnóstico formal de dislexia é feito no ensino fundamental. A criança tende a ler de forma mais lenta, silabada e frequentemente não apreende bem o conteúdo", afirma a psiquiatra Maria Antonia Serra-Pinheiro, presidente do Centro Integrado de Psiquiatria da Criança e Adolescência. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), o distúrbio afeta 15 milhões de brasileiros.
Os sintomas da discalculia são observados na mesma faixa etária (por volta dos 8 anos), quando a criança apresenta um bloqueio em relacionar números e executar cálculos. Também possuem dificuldade em assimilar noções de medidas, sequências, tempo e dinheiro. "Existem testes padronizados que avaliam as habilidades matemáticas e que levam em conta a idade da criança. Portanto, espera-se que ela consiga desempenhar tais habilidades caso tenha sido submetida a uma escolarização adequada". No Brasil, estima-se que de 5% a 7% da população apresenta discalculia.
Tanto a dislexia como a discalculia são transtornos específicos, já que a criança não registra dificuldades cognitivas generalizadas ou perda intelectual. Assim, o diagnóstico de dislexia e discalculia pressupõe que os problemas na área da leitura e da matemática vão além de qualquer deficiência que a criança possa apresentar em outras áreas.
"Má escolarização, deficiências auditivas e visuais naturalmente podem prejudicar a aquisição de habilidades matemáticas e de leitura. Mas quando se obtém o diagnóstico concreto, entende-se que a dificuldade da criança não se justifica por esses motivos". A psiquiatra também ressalta a importância de ficar atento para a detecção e o tratamento precoce, afim de diminuir as dificuldades e as possíveis frustrações na vida escolar e laboral.
Como tratar?
O tratamento não envolve medicamentos, mas exercícios intensivos que estimulam as habilidades nas quais o indivíduo é deficiente (são realizados em consultório e em domicílio). Fonoaudiólogos, pedagogos, psicólogos e neurologistas são os profissionais que auxiliam nesses procedimentos.
"Medicações são usadas somente em condições que podem surgir em conjunto com estes distúrbios, tais como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A psicoterapia pode ajudar a criança a lidar com dificuldades secundárias, como baixo desempenho escolar e autoestima".
Avanços em curso!
Hoje, o conhecimento das causas que levam ao mau desempenho escolar está mais difundido. Alunos, que antes passavam por displicentes, irresponsáveis ou pouco inteligentes, são vistos com maior cuidado e atenção, o que possibilita identificar as causas específicas. "É um excelente avanço, pois dá margem a abordagens terapêuticas direcionadas ao problema que o aluno apresenta", diz a médica.
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