quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dislexia e Construção da Leitura

Dislexia e Leitura

Reflita sobre como ajudar seu filho 
a perceber o prazer de ler 

Falar sobre alfabetização é sempre pertinente, uma vez que dela depende toda a trajetória de um estudante. Mesmo sendo assim tão relevante, infelizmente, os dados que temos sobre o número de alfabetizados, de analfabetos e de analfabetos funcionais é entristecedor. No dia 02 de abril comemora-se o Dia Internacional do Livro Infantil e não há data melhor para refletirmos sobre o que cada um de nós pode fazer para mudar esta triste realidade.

Ao se falar em alfabetizar não se deve imputar a responsabilidade unicamente à escola e a seus professores, pois todos temos participação neste processo. Quando digo todos me refiro a família-escola-comunidade. Este tripé tem que caminhar em sintonia para que o resultado seja harmônico.

A criança deve ser estimulada à alfabetização e consequente gosto pela leitura desde seu nascimento. De que forma? Através da contação de histórias. Estudos comprovam que a criança que ouve histórias e vê as ilustrações de seus livros infantis desde bebê desenvolve um vocabulário de até 600 palavras até os seis anos de idade. O desenvolvimento da linguagem vem acompanhado do estímulo cognitivo e consequente melhor desempenho no processo de alfabetização.

Filho que tem pais contadores de história cresce tendo grande intimidade com a leitura e mesmo antes da alfabetização já consegue interpretar textos através do contato com as ilustrações dos livros infantis. Resultado diferente é obtido das crianças que não recebem este estímulo.


PRAZER DA LEITURA

Quando a criança inicia seu processo de alfabetização é importante que seja estimulada a ter autonomia para a leitura, para que possa perceber o prazer no ler. Muitas vezes a escola ou mesmo os pais, na euforia de incentivar a leitura, acaba obrigando a criança a ler determinando livro sem que este lhe tenha despertado interesse. Sabemos que muitos professores apontam como tarefas para nota a leitura de determinado livro com respostas a questionários e outros artifícios que, ao invés de motivar, acabam por criar aversão.

Quando a criança inicia o processo de alfabetização é importante que seja estimulada com leitura de pequenos textos ou mesmo histórias em quadrinhos - ótima opção porque os textos pequenos propiciam que o leitor, diante da leitura lenta, não perca o foco da história.

A leitura é uma magnífica ferramenta de construção, mas para que ela possa funcionar eficazmente deve acontecer pelo prazer e não pela imposição, pela obrigação ou como castigo."A leitura é uma magnífica ferramenta de construção, mas para que ela possa funcionar eficazmente deve acontecer pelo prazer e não pela imposição, pela obrigação ou como castigo."

Ainda hoje há escolas que mandam o aluno de "castigo" para a biblioteca. Estas atitudes minam a aquisição do saber.

O gosto de cada um deve ser respeitado e para isto o professor deve sempre sugerir opções de leitura para que o aluno possa escolher o que mais lhe chamar a atenção. O professor, ao se referir a uma determinada obra, deve fazê-lo de forma entusiasmada, e isto só acontece quando ele também é um leitor assíduo. Esta empolgação irá despertar o interesse do aluno. O mesmo deve acontecer com os professores de Literatura, que devem envolver os alunos nos diferentes estilos procurando robustecer os argumentos, por exemplo, com as características da época. Esta prática propicia que o aluno entenda as influências que envolveram o autor para escrever sobre determinado tema.

DEVER DE TODOS

Todos nós, família-escola-comunidade, temos o dever de despertar o gosto pela leitura em todas as pessoas ao nosso redor independente da idade que tenham.
Se cada um de nós se dispuser a fazer a sua parte, em breve teremos muito mais leitores e consequentemente, muito menos analfabetos.


Linguagem, leitura e escrita 

Aprender a falar é um processo natural, pois faz parte da funcionalidade genética do ser humano. Diferentemente, a leitura é um processo que necessita de um aprendizado. 

“A leitura é uma competência cultural especifica que se baseia no conhecimento da linguagem oral” (Teles, 2004, p. 720). 

O sistema de leitura e escrita utiliza-se de códigos gráficos que representam a linguagem oral. Para a decifração desses códigos, “é necessário tornar consciente e explícito, o que na linguagem oral era um processo mental implícito” (Teles, 2004, p. 720). 

Ainda de acordo com Teles (2004, p. 720): [...] para aprender a ler é necessário ter uma boa consciência fonológica, isto é, o conhecimento consciente de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por silabas, e as silabas por fonemas e que os caracteres do alfabeto representam esses fonemas. (p. 192) 

Ler uma palavra compreende conhecer o nome das letras, o som dos fonemas, relacionar os fonemas e os grafemas e encontrar a pronúncia certa ao significado. Esses processos são naturalmente automáticos, tornando a leitura fluente e compreensiva, porém devem ser ensinados e praticados. 


Estratégias de leitura 

Capovilla et al. (2004), Fernandes e Penna (2008) e Mousinho (2004) descrevem três etapas pelas quais as crianças passam no processo de aprendizagem da leitura e escrita: 

- logográfica: leitura da palavra, associando-a com o seu contexto e forma; não há uma análise da palavra. A criança lê algumas palavras ao reconhecê-las como se fosse um desenho. Essas leituras geralmente são de palavras que aparecem repetidamente. Ao associar essas leituras com a escrita, a criança passa para a segunda etapa. 

- fonológica: a criança analisa a palavra, utilizando as letras e os fonemas para codificação e decodificação; há um fortalecimento entre o texto e a fala; a escrita passa a ficar sob controle dos sons da fala; e a leitura, sob controle dos grafemas do texto. 

- lexical: fase ortográfica, em que há uma experiência maior com a leitura; o acesso visual direto da palavra torna a leitura mais ágil, e a criança aprende a memorizar e compreender as irregularidades entre as palavras. Mesmo quando uma nova etapa é concluída, ela não descarta a anterior, pois todos os estágios são sempre utilizados por leitores ou escritores competentes, embora de forma atenuada e dependendo do tipo de leitura e escrita. 
De acordo com Capovilla et al. (2004), estudiosos sugeriram que essas etapas fossem consideradas estratégias de leitura, pois elas não seguem uma sequência. 
Além das três estratégias, as autoras afirmam que a pronúncia e o significado da leitura e escrita se obtêm por meio de dois processos: 

- processo indireto ou fonológico: na rota fonológica, a pronúncia da palavra é construída por meio de fonemas, em que a criança ouve para compreender e, conforme se torna mais competente, desenvolve a capacidade de processar mais letras como unidade. 

- processo direto, ideovisual ou lexical: na rota lexical, a pronúncia é identificada como um todo. A criança reconhece o significado da palavra, antes de pronunciá-la, ativando informações ortográficas, semânticas e fonológicas. Este autor (Capovilla, 2004) afirma que [...] é fundamental conhecer as estratégias e processos de leitura pois, nos distúrbios de leitura pode haver alterações específicas em uma ou mais desses processos [...] é também fundamental conhecer o padrão de uso destas estratégias por crianças sem distúrbios de leitura pois, isto permitirá a avaliação de crianças com distúrbios, não apenas para detectar atrasos em relação ao esperado, mas principalmente para levantar as habilidades preservadas e as prejudicadas, de modo a promover intervenções focais e eficazes. (p. 192) 

De acordo com Teles (2004), as dificuldades na aprendizagem da leitura acontecem devido a um déficit fonológico. 

As crianças disléxicas não têm consciência das unidades linguísticas, mesmo falando e utilizando palavras, sílabas e fonemas. 

Segundo Fernandes e Penna (2008), as pessoas usam tanto o modo verbal, pensando com o som da linguagem, quanto o modo não verbal, pensando com o significado da linguagem por meio da construção de imagens mentais de seus conceitos e ideias. 

Diferentemente, os disléxicos não possuem monólogo interno, só ouvem quando leem em voz alta, relacionando o significado ou a imagem do significado a cada palavra que leem. 

Para Figueiredo (2009), os disléxicos apresentam dificuldades na nomeação de letras e não na cópia delas, consequentemente mesmo que aprendam a ler, será de maneira lenta. Dessa forma, conforme afirmam Fernandes e Penna (2008), a criança, por não compreender o que lê e apresentar escrita incompreensível, perde o interesse pelas práticas educativas.


Assim sendo: 
[...] é necessário que o educador reconheça na criança características dos chamados distúrbios de aprendizagem, assumindo desafios de criar metodologias eficientes, no sentido de acolher cada uma delas, respeitando e entendendo sua individualidade; sendo necessário que se investigue, compreenda e se discuta como esta criança pode aprender adequadamente. (Figueiredo, 2009, p. 06) 

Quando diagnosticada a dislexia na criança, se a identificação e intervenção forem realizadas antes do início da escolaridade, o problema poderá ser prevenido ou minimizado. 


As intervenções na dislexia se utilizam de métodos multissensorias ou fônicos que estudiosos comprovaram como eficazes para facilitar a habilidade de ler e escrever com facilidade. 


Método multissensorial

A aprendizagem multissensorial compreende atividades multissensoriais de leitura e escrita, em que as crianças têm que olhar para as letras impressas, dizer ou subvocalizar os sons, fazer os movimentos necessários à escrita e usar os conhecimentos linguísticos para aceder ao sentido das palavras (Teles, 2004). 

As técnicas do método multissensorial têm mostrado eficácia, pois utilizam a soletração oral e simultânea, fortalecendo a conexão entre a leitura e escrita. Nesse método, a criança vê a palavra, repete a pronúncia e escreve dizendo o nome de cada letra e depois lê novamente o que escreveu (Capovilla, 2004).

Método fônico

Esse método tem como característica o ensino das correspondências entre os sons e as letras e utiliza-se de atividades que desenvolvem rima, discriminação de sons, segmentação fônica e relações entre os fonemas e os grafemas, pois “as crianças disléxicas têm dificuldade em discriminar, segmentar e manipular de forma consciente, os sons da fala” (Capovilla, 2004). 


Fernandes e Penna (2008) descrevem que a consciência fonológica deve ser ensinada de forma sistemática, seguindo a seguinte sequência: 


- vogais: a, e, i, o, u; 


- consoantes prolongáveis: f, j, m, n, v, z; 


- consoantes que possuem mais de um som: l, s, r, x; 


- consoantes mais difíceis de pronunciar: b, c, p, d, t, g, q; 


- consoantes pouco utilizadas: k, w, y; 


- dígrafos: ch, nh, lh, rr, ss, gu, qu; 


- letras de sons irregulares: e, g, r, s, l, m, x, ç; 


- encontros consonantais. 


Toda letra deverá ser apresentada nas formas maiúscula, minúscula, bastão e cursiva. As atividades devem ser planejadas de forma lúdica, de maneira que interesse e incentive a participação da criança. 

Capovilla (2004) ainda acrescenta que o método fônico é recomendado para todas as crianças. As atividades fônicas e metafonológicas podem ser incorporadas em sala de aula pelos professores e profissionais da área psicoeducacional, visando à prevenção e intervenção em dificuldades de aquisição da linguagem escrita.

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"Somos diferentes, mas não queremos ser transformados em desiguais. As nossas vidas só precisam ser acrescidas de recursos especiais".

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