terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Ato de Registrar na Prática Pedagógica

(LUIZA PERUCH HILÁRIO)

O ser humano está em contínua busca de novas idéias e novos conceitos que servem como impulso para suas ações. Assim a criança deve ser analisada e estudada na sua totalidade, pois é um ser em pleno desenvolvimento e as interações sociais agem na formação de suas funções psicológicas superiores.Desta maneira, o registro é um recurso eficaz para auxiliar o educador a conhecer melhor os educandos, percebendo melhor os seus progressos, possibilitando uma maior segurança no ato de avaliar. Além disso, o mesmo possibilita ao educador rever sua prática pedagógica no sentido de adequá-la às necessidades do educando. Analisando o significado do registro na rotina do educador, percebemos que ele seria uma espécie de diário.
Segundo Magalhães e Marincek (2001,p.93):
...Constitui-se em um lugar de reflexões sitemáticas, constantes; um espaço onde o professor conversa consigo mesmo, anota leituras, revê encaminhamentos, avalia atividades realizadas, documenta o percurso de sua classe. Um documento com a história do grupo e os avanços do próprio professor. Este diário é muito mais amplo do que os diários de jovens e adolescentes, os quais registram sentimentos e fatos. O registro na rotina do educador servirá de norte para sua prática educativa possibilitando refletir sobre o processo ensino-aprendizagem, construindo um planejamento apropriado às possibilidades dos alunos.Uma das importantes funções do registro é a possibilidade. O registro faz com que o educador seja mais humano, não cometa erros ao avaliar e também o coloca de frente com as incertezas, dúvidas, limites, erros contribuindo para seu crescimento pessoal.
Segundo Warschauer (1993):
A vivência do registro, sob esta perspectiva, nos remete para o campo da humildade, através do aprendizado de conviver com a dúvida, com as incertezas(...) (p.63)
Frente à essas incertezas o registro também possibilita a construção de uma prática inovadora, buscando coerência entre o pensar e o agir
 Nas palavras de Warschauer,
...acredito que a escrita possibilite o acesso a camadas mais profundas de nós mesmos que, sem esse registro, poderiam não chegar ao nosso conhecimento. Porém, possibilita também o conhecimento de aspectos muitas vezes indesejados e sombrios. Mais, uma postura de abertura e determinação para a ampliação do (auto) conhecimento pode iluminar o caminho para a conquista de uma coerência interna, integradora, e contribuir para a aproximação entre o idealizar e o concretizar, entre o pensar e o agir.(p.65)
Enquanto seres humanos estamos sujeitos a cometer erros, os quais nos servirão de aprendizado, se buscarmos refletir e nos transformarmos a partir dos mesmos. 
O registro escrito é uma forma de compartilhar com o papel, nossas possibilidades e dificuldades. 
Segundo Warsxhauer, (1993, p.65):
A prática do registro é importante por nos permitir construir a “memória compreensiva”, aquela memória que não é só simples recordação, lembranças vãs, mas é base para a reflexão do educador, para análise do cotidiano educativo e do trabalho desenvolvido com o grupo. O ato de escrever o vivido desencadeia um processo reflexivo no qual a vivência restrita e singular torna-se pensamento sistematizado, apropriação do conhecimento.É através da escrita, portanto, que conseguimos perceber nossos erros, avanços, contemplar o que vivemos diariamente na prática, não só para ajudar-nos a lembrar do que aconteceu, mas também compreender o acontecido, analisá-lo para poder aprender com o vivido.
Segundo Weffort, (1995, p.10):
Warsxhauer, Cecília. A roda e o registro. Rio de Janeiro, 1993.
A reflexão registrada tece a memória, a história do sujeito e de seu grupo. Sem a sistematização deste registro refletido não há apropriação do pensamento do sujeito-autor (...) Sujeito alienado do próprio pensamento torna-se um mero copiador da teoria do outro.
Escrever diariamente não é uma tarefa simples e fácil, porém, se pensarmos e levarmos em consideração que todo início de qualquer mudança de postura e atitude é difícil até nos adaptarmos a ela, em relação ao registro não será diferente.
De acordo com Kramer (1993, p.35), pode ser difícil no começo, mas, se entendemos que o registro é um instrumento de trabalho do educador, a dificuldade não pode ser argumento para não fazê-lo pois: 
... é preciso que os professores se tornem narradores, autores de sua práticas, leitores e escritores de suas histórias, para que possam ajudar as crianças a também se tornarem leitores e escritores reais, retirando prazer do falado e do lido, gostando de escrever...
Para iniciarmos tal procedimento, faz-se necessário um reaprendizado do exercício de ler e escrever, o qual necessitamos ter uma disposição de olhar com “novos olhos” nossa prática cotidiana e o mundo a nossa volta.
Para Madalena Freire, é necessário...
 “Reaprender a olhar, romper com visões cegas, esvaziadas de significados, onde a busca de interpretar, dar significados ao que vemos, lemos da realidade é o principal desafio”. (1995, p.56).
Como instrumento de trabalho, o registro vem associado ao planejamento e à avaliação. Assim todo processo desde o planejamento, registro e avaliação compõem o fazer educativo do profissional, que quer construir sua competência e qualidade no trabalho que realiza:o registro ajuda a guardar na memória fatos, acontecimentos ou reflexões, mas também possibilita a consulta quando nos esquecemos. Este “ter presente”o já acontecido é de especial importância na transformação do agir, pois oferece o conhecimento de situações arquivadas na memória, capacitando o sujeito a uma resposta mais profunda, mais integradora e mais amadurecida, porque menos ingênua e mais experiente, de quem já aprendeu com a experiência. 
Refletir sobre o passado (e sobre o presente) é avaliar as próprias ações, o que auxilia na construção do novo. E o novo é a indicação do futuro. Ë o planejamento. (WARSCHAUER, 1995, p. 62-63).
Podemos nos questionar:  
-Mas como registrar?
 Não existe uma regra, ou receita. 
O registro é marca individual de cada educador, pois não é algo burocrático que deve seguir uma regra, mais algo especial onde estarão registrados acontecimentos, fatos discussões da vivência diária em sala de aula e do trabalho do educador.
FREIRE (1995, p.56), ao refletir sobre o ato de escrever, afirma que:
Escrever com sangue, dor e prazer é falar do que corre em nossas veias. Falar de amor, ódio, sonho. “Escrever a sua palavra, deixar marcado o vivido e o pensamento, é ato criador, que requer certa dose de ousadia, coragem e disposição em ativar (para desvelar ou compreender) aqueles sentimentos de amor, ódio, dor, prazer, presentes na nossa relação de seres humanos. E o humano da criação passa pelo desejo, pelo sonho de mudança, de transformação, de conquista do bom, do belo, do prazer.O ato de refletir, parar e analisar a prática pedagógica é um ato libertador, porque favorece ao educador instrumentos no seu pensar. É através de reflexões que conseguimos realizar as constatações, descobertas, reparos, aprofundamentos, fazendo-nos mudar e transformar algo em nós, nos outros e na realidade vivida.
Com o exercício disciplinado da ação reflexiva, o educador alcança uma ação generalizadora, teorizante, emergindo a necessidade de fundamentação teórica, uma vez que não existe uma prática sem uma fundamentação teórica, bem como não existe teoria sem que tenha nascido de uma prática.
Segundo as palavras de Vygotsky, “o que diferencia o homem do animal é o exercício do registro da memória humana”. (1999, p.76).
No ato pedagógico o educador também tem seu espaço de registro, podendo formalizar, comunicar o que pensa, construir o que ainda não conhece e aprofundando o que necessita aprender, enfim, deixando suas marcas, construindo sua história.
Através do registro escrito, somos obrigados a realizar exercícios de ações, ou seja, constatar aquilo que não se realizou e deixar como está, não terá significado algum e não contribuirá para a formação de cidadãos atuantes e críticos.
Concluí-se que o registrar os fatos, acontecimentos e situações que envolvem o cotidiano da sala de aula torna-se um instrumento importante nas mãos do professor comprometido com o constante aprimoramento de sua prática. Neste sentido o registro permite levantar subsídios para o planejamento em geral e para os planos de aula, além de oferecer dados para o professor repensar sua atuação junto às crianças.

3 comentários :

  1. Olá Multiplicadora rosangela, estamos muito felizes por você fazer parte deste projeto. Como prometido, seu blog já foi divulgado. Fizemos de coração, esperamos que goste!

    Aqui está o link da publicação:
    http://www.educadoresmultiplicadores.com.br/2012/09/multiplicador-psicopedagogia-em-acao.html

    Faça uma visitinha especial ao blog Educadores Multiplicadores, abra as páginas e veja como ficou sua divulgação.

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    Conheça mais o blog Marquecomx:

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    Parabéns pelos excelentes textos, fiquemos na Paz de Deus, abraço e até breve!

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  2. Estava procurando um blog de Psicopedagogia no Educadores Multiplicadores, e encontrei este que é maravilhoso, ótimas dicas e textos de qualidade! Parabéns pelo blog.

    Abraço.

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  3. Olá Rosangela!!!!! Parabéns pelos excelentes trabalhos!!! Quando eu estava em sala de aula não tive a oportunidade de encontrar tantos blogs lindos sobre educação. Bjs!!

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Um abraço, Rosangela

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Na aventura de aprender de nossas crianças e jovens,
pais e professores são a bússola para o caminho de
descobertas e aprendizagens significativas e felizes.
(Rosangela Vali - Pedagoga e Psicopedagoga)

"Somos diferentes, mas não queremos ser transformados em desiguais. As nossas vidas só precisam ser acrescidas de recursos especiais".

(Peça de teatro: Vozes da Consciência,BH)

MotivAÇÃO FAZ BEM!

Hoje Acordei Para Vencer! A automensagem positiva logo pela manhã é um estímulo que pode mudar o seu humor, fortalecer sua autoconfiança e, pensando positivo, você reunirá forças para vencer os obstáculos. Não deixe que nada afete seu estado de espírito. envolva-se pela música, cante ou ouça. Comece a sorrir mais cedo. ao invés de reclamar quando o relógio despertar, agradeça a Deus pela oportunidade de acordar mais um dia. O bom humor é contagiante: espalhe-o. Fale de coisas boas, de saúde, de sonhos, com quem você encontrar. Não se lamente, ajude as outras pessoas a perceber o que há de bom dentro de si. Não viva emoções mornas e vazias. Cultive seu interior, extraia o máximo das pequenas coisas. Seja transparente e deixe que as pessoas saibam que você as estima e precisa delas. Repense seus valores e dê a si mesmo a chance de crescer e ser mais feliz. Tudo que merece ser feito, merece ser bem feito. Torne suas obrigações atraentes, tenha garra e determinação. Mude, opine, ame o que você faz. Não trabalhe só por dinheiro e sim pela satisfação da "missão cumprida". Lembre-se: nem todos têm a mesma oportunidade. Pense no melhor, trabalhe pelo melhor e espere pelo melhor. Transforme seus momentos difíceis em oportunidades. Seja criativo, buscando alternativas e apresentando soluções ao invés de problemas. Veja o lado positivo das coisas e assim você tornará seu otimismo uma realidade. Não inveje. Admire! Seja entusiasta com o sucesso alheio como seria com o seu próprio. Idealize um modelo de competência e faça sua auto-avaliação para saber o que está lhe faltando para chegar lá. Ocupe seu tempo crescendo, desenvolvendo sua habilidade e seu tempo. Só assim não terá tempo para criticar os outros. Não acumule fracassos e sim experiências. Tire proveito de seus problemas e não se deixe abater por eles. Tenha fé e energia, acredite: Você pode tudo o que quiser. Perdoe, seja grande para os aborrecimentos, pobre para a raiva, forte para vencer o medo e feliz para permitir a presença de momentos infelizes. Não viva só para seu trabalho. Tenha outras atividades paralelas como: esportes, leitura... cultive amigos. O trabalho é uma das contribuições que damos para a vida, mas não se deve jogar nele todas as nossas expectativas de realizações. Finalmente, ria das coisas a sua volta, ria de seus problemas, de seus erros, ria da vida: "A gente começa a ser feliz quando é capaz de rir da gente mesmo". (Autor desconhecido)

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